quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um pouco de Drummond

Definitivo, como tudo o que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Sofremos por quê?


Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,


por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,


por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,


e não compartilhamos.


Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.


Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco,


mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema,


para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.


Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,


mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.


Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.


Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,


todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.


Como aliviar a dor do que não foi vivido?


A resposta é simples como um verso:


Se iludindo menos e vivendo mais!!!


A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.


A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...




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